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Ghosting: A maneira cobarde de acabar os relacionamentos no séc. XXI



"O síndrome do abandono inesperado é a tendência dos últimos anos nas não-relações, nas quase-relações, e nas relações — em suma, nas aproximações muito subtis e fracassadas a coisas como o amor, a paixão e o encantamento. "


Terminar um relacionamento nunca é fácil, mas acabar um relacionamento sem uma explicação,  um mísero porquê é muito mais complicado, onde a pessoa do dia para a noite começa a deixar de responder às mensagens, evita dar-vos qualquer tipo de explicação em relação à razão do afastamento, no pior dos casos faz questão de estar na vossa vida, mas aos poucos vão se afastando, as suas palavras contradizem as acções e do dia para a noite desaparecem completamente.

Esta é a forma mais dolorosa de a terminar, aquela que nos leva mais tempo a superar, especialmente quando "tudo bem". Normalmente quando uma relação acaba existe uma razão: ciúmes, discussões constantes, objectivos diferentes etc etc... Estas razões ajudam-nos a perceber o que se passou, percebermos onde efectivamente erramos, onde é muito mais fácil colocar fim "aquela coisa" e seguir em frente.

Quando não temos uma explicação e a pessoa simplesmente desaparece do dia para a noite, é complicado, não sabemos o que realmente se passou, ficamos enredados numa quantidade de porquês, que nos leva a culpabilizamo-nos de todas as maneiras e sentidos "O problema fui eu"; "Como é que não previ isto"; procuramos respostas, vamos falar com os amigos da pessoa, irmã ou irmão...





 psicoterapeuta afirma que, às vezes, o fim de um relacionamento é o momento mais importante, já que "é uma oportunidade para o crescimento emocional".


– O ghosting é uma forma de crueldade emocional porque a possibilidade de reagir é restringida. Não me sendo dada a possibilidade de fazer perguntas, de arranjar elementos que me ajudem a construir uma narrativa para o sucedido, eu posso ficar enredado numa quantidade de “porquês” (que podem conduzir a uma culpabilização). Perante esta situação eu fico impedido de processar emocionalmente a experiência de rejeição e de perda.

queremos perceber os porquê´s, que levaram a isto, 



 Caso contrário fica arrasada e pode inclusive culpabilizar-se e ficar enterrada numa quantidade de porquês, sem conseguir sair da situação”. Para além disto, o ghosting impossibilita também a reação da vítima: “Quando alguém é rejeitado, reage: pode sentir raiva, dor e exteriorizar esses sentimentos ao gritar, chorar ou chamar nomes. Nas relações mais profundas esse espaço é vital”, continua Pedro acrescentando que é uma forma de processar a experiência, de perceber a perda e partir para outra.
Explica ainda que o “adeus” também é muito importante para que a pessoa possa seguir em frente: “O pôr um fim existencial à relação faz com que se possa iniciar o processo de luto daquela relação. A pessoa pode, a partir daquele momento, pôr fim a uma coisa e continuar a sua vida”. No ghosting, tudo isto é negado à pessoa com quem se acaba a relação, o que provoca uma dor de uma agressividade imensa.

The important thing to remember is that when someone ghosts you, it says nothing about you or your worthiness for love and everything about the person doing the ghosting. It shows he/she doesn’t have the courage to deal with the discomfort of their emotions or yours, and they either don't understand the impact of their behavior or worse don’t care. In any case they have sent you an extremely loud message that says: I don’t have what it takes to have a mature healthy relationship with you. Be the better person, retain your dignity, and let him/her go peacefully.
Don’t allow someone else’s bad behavior to rob you of a better future by losing your vulnerability and shutting yourself off from another relationship. Keep your energy focused on doing what makes you happy. Know that if you are someone who treats people with respect and integrity then the ghoster simply wasn’t on your wavelength and someone better is coming your way, as long as you keep your heart open and your focus forward.
Para algumas pessoas o ghosting pode ser uma experiência devastadora. Apesar disso, as pessoas mais maduras e equilibradas emocionalmente conseguem com maior rapidez encontrar uma saída para esta situação. A capacidade de rever os acontecimentos, de compreender e aceitar o papel que desempenhámos no relacionamento, permite, não só sair da situação mais rapidamente como desenvolver um faro para reconhecer situações semelhantes.


A rejeição emocional, repentina, não dá pistas de como reagir. Cria um cenário final de ambiguidade. Como devemos processar a nossa dor (independentemente de ser muita ou pouca) se não sabemos realmente o que aconteceu? “A falta de clareza sobre o que aconteceu cria muita angústia emocional. Contudo, para a maioria das pessoas, é a rejeição e a sensação de ser completamente descartável que parece o pior. Pode parecer que o ghoster não pensou o suficiente em ti para, no mínimo, tratar-te o com a cortesia e respeito comuns”

E depois do adeus, adeus. Será? Um dos danos colaterais mais cruéis do ghosting é ativar a nossa capacidade de auto-sabotagem. Não questionamos só a natureza das nossas relações, mas a nossa capacidade de julgamento. “Como é que caí nisto?” ou “Como é que não me apercebi que ele/ela era assim?” No limite, o ghosting é o uso refinado do tratamento silencioso, uma espécie de crueldade emocional com provas dadas no derrube da auto-estima. O adeus é importante para que a pessoa possa seguir em frente, afinal o fim existencial faz com que se possa iniciar o luto e seguir em frente. No ghosting é tudo negado à pessoa com quem se acaba a relação 







para que a pessoa possa seguir em frente: “O pôr um fim existencial à relação faz com que se possa iniciar o processo de luto daquela relação. A pessoa pode, a partir daquele momento, pôr fim a uma coisa e continuar a sua vida”. No ghosting, tudo isto é negado à pessoa com quem se acaba a relação, o que provoca uma dor de uma agressividade imensa
A impotência face a uma situação mal resolvida faz com que tenhamos dificuldade em processar emocionalmente a experiência. Será isto o futuro dos relacionamentos? Estamos condenados a um mundo onde as pessoas se cansam umas das outras mais rapidamente que um refresh, e se recusam a fazer um esforço para travar uma conexão real e duradoura? “Eu penso que as pessoas vão sempre querer conexão. De certa forma, quanto menos temos, mais queremos. Mas muitas pessoas podem não saber como criar uma conexão autêntica com outra. Como há uma perceção de abundância de parceiros com os encontros pela Internet e porque [a proliferação do] ghosting faz com que terminar relações seja relativamente livre de stresse para o ghoster, muitas pessoas preferem seguir em frente em vez de trabalhar num relacionamento que pode criar tensão emocional.Mas é precisamente nesse processo de trabalho que as pessoas se conhecem e conseguem confiar umas nas outras, e é isso que facilita a construção de uma conexão mais profunda.”



O síndrome do abandono inesperado é a tendência dos últimos anos nas não-relações, nas quase-relações, e nas relações — em suma, nas aproximações muito subtis e fracassadas a coisas como o amor, a paixão e o encantamento. Exploramos o mundo do ghosting.